Muito bem, meus caros. Seguem as primeiras fotos, de algumas cenas que estamos experimentando.
Já com mais de um mês de ensaios, estamos chegando a um formato bastante interessante, dando continuidade às pesquisas que a Processo Multiartes desenvolve em artes cênicas.
Nosso time, in loco:
Mariana Gomez (Preparação Corporal e Direção de Movimento), Paulo Ugolini, Carolina Maia, Samir el Halab, Ângelo Luz, Roberval Carvalho, Aline Silva, Rose Silva.
Nos instrumentos, puxando a torcida: Jorge Falcón (dirigindo), Daniel Medeiros (nosso maestro dos pampas), Taianara Goedert (lindo vibrafone), Gabriel (Guitar Hero), André Deschamps (Saxxxxxxxxx).
Produção: Super Sara Eduarda, Meire, Izabella, dirigidos por Judite Fioreze.
Luz e Cenários: Waldo César León.
Figurinos: Eduardo Giacomini. Super vídeo-maker: O processiano Fabio Allon.
Espero não ter esquecido ninguém... Ah, claro, o diretor!!!!!! (Afff, coloco o meu pescoço em risco neste momento, heheh) Direção: Adriano Esturilho Assistente de Direção: Este que vos escreve - Andrew knoll
Seres ou não seres
Eis a questão
Raça mutante por degradação
Seu dialeto sugere um som
São movimentos de uma nação
Raps e Hippies
E roupas rasgadas
Ouço acentos
Palavras largadas
Pelas calçadas sem arquiteto
Casas montadas, estranho projeto
Beira de mangue, alto de morro
Pelas marquises, debaixo do esporro
Do viaduto, seguem viagem
Sem salvo conduto é cara a passagem
Por essa vida, que disparate
Vida de cão, refrão que me bate
De Porto Alegre ao Acre
A pobreza só muda o sotaque
Lá vem a Cidade (Lenine/Bráulio Tavares)
EU VIM PLANTAR MEU CASTELO
NAQUELA SERRA DE LÁ,
ONDE DAQUI A CEM ANOS
VAI SER UMA BEIRA-MAR...
VI A CIDADE PASSANDO,
RUGINDO, ATRAVÉS DE MIM...
CADA VIDA
ERA UMA BATIDA
DUM IMENSO TAMBORIM.
EU ERA O LUGAR, ELA ERA A VIAGEM
CADA UM ERA REAL, CADA OUTRO ERA MIRAGEM.
EU ERA TRANSPARENTE E ERA GIGANTE
EU ERA A CRUZA ENTRE O SEMPRE E O INSTANTE.
LETRAS MISTURADAS COM METAL
E A CIDADE CRESCIA COMO UM ANIMAL,
EM ESTRUTURAS POSTIÇAS,
SOBRE AREIAS MOVEDIÇAS,
SOBRE OSSADAS E CARNIÇAS,
SOBRE O PÂNTANO QUE COBRE O SAMBAQUI...
SOBRE O PAÍS ANCESTRAL
SOBRE A FOLHA DO JORNAL
SOBRE A CAMA DE CASAL ONDE EU NASCI.
EU VIM PLANTAR MEU CASTELO
NAQUELA SERRA DE LÁ,
ONDE DAQUI A CEM ANOS
VAI SER UMA BEIRA-MAR...
A CIDADE
PASSOU ME LAVRANDO TODO...
A CIDADE
CHEGOU ME PASSOU NO RODO...
PASSOU COMO UM CAMINHÃO
PASSA ATRAVÉS DE UM SEGUNDO
QUANDO DESCE A LADEIRA NA BANGUELA...
VEIO COM LUZES E SONS.
COM SONHOS MAUS, SONHOS BONS.
FALAVA COMO UM CAMÕES,
GEMIA FEITO PANTERA.
ELA ERA...
BELA... FERA.
DESTA CIDADE UM DIA SÓ RESTARÁ
O VENTO QUE LEVOU MEU VERSO EMBORA...
MAS ONDE ELE ESTIVER, ELA ESTARÁ:
UM SERÁ O MUNDO DE DENTRO,
SERÁ O OUTRO O MUNDO DE FORA.
VI A CIDADE FERVENDO
NA EMULSÃO DA RETINA.
CREPITAR DE VIDA ARDENDO,
MARIPOSA E LAMPARINA.
A CIDADE ENSURDECIA,
RUGIA COMO UM INCÊNDIO,
ERA VENENO E VACINA...
EU VIM PLANTAR MEU CASTELO
NAQUELA SERRA DE LÁ,
ONDE DAQUI A CEM ANOS
VAI SER UMA BEIRA-MAR...
EU PAIRAVA NO AR, E OLHAVA A CIDADE
PASSANDO VELOZ LÁ EMBAIXO DE MIM.
ERAM DEZ MILHÕES DE MENTES,
DEZ MILHÕES DE INCONSCIENTES,
SE MISTURAM... VIRAM ENTES...
OS QUAIS CONDUZEM AS GENTES
COMO SE FOSSEM CORRENTES
DUM RIO QUE NÃO TEM FIM?
ESSE RUÍDO
SÃO OS SÉCULOS PINGANDO...
E AS CIDADES CRESCENDO E SE CRUZANDO
COMO CÍRCULOS NA ÁGUA DA LAGOA.
E EU VI NUVENS DE POEIRA
E VI UMA TRIBO INTEIRA
FUGINDO EM TODA CARREIRA
PISANDO EM ROÇA E FOGUEIRA
GANHANDO UMA RIBANCEIRA...
E A CIDADE VINHA VINDO,
A CIDADE VINHA ANDANDO,
A CIDADE INTUMESCENDO:
CRESCENDO... SE APROXIMANDO.
EU VIM PLANTAR MEU CASTELO
NAQUELA SERRA DE LÁ,
ONDE DAQUI A CEM ANOS
VAI SER UMA BEIRA-MAR...
Rua da Passagem (Trânsito)
(Lenine/Arnaldo Antunes)
Os curiosos atrapalham o trânsito
Gentileza é fundamental
Não adianta esquentar a cabeça
Não precisa avançar no sinal
Dando seta pra mudar de pista
Ou pra entrar na transversal
Pisca alerta pra encostar na guia
Pára brisa para o temporal
Já buzinou, espere, não insista,
Desencoste o seu do meu metal
Devagar pra contemplar a vista
Menos peso do pé no pedal
Não se deve atropelar um cachorro
Nem qualquer outro animal
Todo mundo tem direito à vida
Todo mundo tem direito igual
Motoqueiro caminhão pedestre
Carro importado carro nacional
Mas tem que dirigir direito
Para não congestionar o local
Tanto faz você chegar primeiro
O primeiro foi seu ancestral
É melhor você chegar inteiro
Com seu venoso e seu arterial
A cidade é tanto do mendigo
Quanto do policial
Todo mundo tem direito à vida
Todo mundo tem direito igual
Travesti trabalhador turista
Solitário família casal
Todo mundo tem direito à vida
Todo mundo tem direito igual
Sem ter medo de andar na rua
Porque a rua é o seu quintal
Todo mundo tem direito à vida
Todo mundo tem direito igual
Boa noite, tudo bem, bom dia,
Gentileza é fundamental
Pisca alerta pra encostar na guia
Com licença, obrigado, até logo, tchau.
A todas as comunidades do engenho novo (o Rappa)
(Falcão/Zandão)
Eu moro na comunidade do Engenho Novo
À todas as comunidades do Engenho Novo
Tenho referencial para chegar no
Bairro então
Souza Barros 24 e a Marechal Rondon
Tem Buraco do Padre para quem
Quiser passar
Tem igreja Conceição para quem
Quiser rezar
À todas as comunidades do Engenho Novo
Eu moro na comunidade do Engenho Novo
Em todo lugar pela-saco tem
No Engenho não é diferente
Tem pela-saco também
Pra não parecer que é marra minha,
Meu irmão no Engenho tem gente fina
Gatinha e sangue bom
Todo mundo diz que o funqueiro
É um animal
Pela-saco falador tem tudo que
Tomar um pau
Quando chega a tarde a sensação
É o futebol
E a noite com a gatinha
Curtir um baile na moral
É, a todos os bailes eu quero agradecer
Tem Sargento, Magnatas e também
o Garnier
Céu Azul, Matriz, Rato Molhado, Jacaré,
São João, Mangueira, Sampaio, fiquei na fé
Cabeça feita em casa ou em qualquer lugar
Pra quem gosta do assunto vamos
Logo "shapear"
Quando chega a tarde
No Parque Santos Dumont
Pra quem não conhece o Engenho
Tá convidado sangue bom
Eu moro na comunidade do Engenho Novo,
À todas as comunidades do Engenho Novo
Partideiro que é partideiro não
Pode vacilar
Quando entra no samba tem
Que versar
Quando entra no samba
Não pode ficar de blá-blá-blá
Muitas pessoas vão se
Influenciar
E vão falar pra você
Não aparecer mais por lá
Só que a questão
Camarada sangue bom
É tudo sem interesse
É tudo de coração
Quem fuma, quem fuma,
Quem bebe, quem cheira
Tem que chegar no sapatinho
E não ficar de bobeira
Porque quem está lá em cima
Não tá de vacilação
Está de olho no movimento
Está de olho na situação
Quem está lá em cima
Não está de bobeira não
Está ligado no movimento
Está ligado na situação
Morteiro na mão,
Estrondo no ar
Avisando que a polícia
Qualquer hora vai chegar
O morro amado
Ao mesmo tempo temido
Do comandado por irmãos
Comandado por amigo
Só que a questão
Camarada sangue bom
É tudo sem interesse
É tudo coração
Como já dizia Cartola
As rosas não falam
Se eles choram
Por que é que eu vou chorar
Eu vou me emocionar
Quando a minha escola
Na avenida entrar
Mostrando ao mundo
O que eu quero ver
Como já dizia Renatinho,
Valtinho, Cotoco
É mangueira verdadeira
Área de lazer
Quarta e sexta-feira
Rola o futebol
O morro desce em peso
Pra jogar na moral
A regra aqui uma falta
Não existe
Se não gostou vacilão
Fica de fora e assiste
É, eu moro lá, eu moro lá,
Engenho Novo, Engenho Novo
Favela (O Rappa)
Vá dizer pra ela que o curral do samba é a passarela,
vá dizer pra ela que o rio de janeiro todo é uma favela,
senhor, candeia, noel, cartola, adoniram
vá dizer pra ela que o rio de janeiro todo é uma favela,
vá dizer pra ela que o som que eu faço vem lá da favela,
me vem na memória as rodas de samba
é batuque na palma da mão
roda de samba de bamba
vá dizer pra ela que o curral do samba é a passarela,
vá dizer pra ela que o rio de janeiro todo é uma favela,
de madureira à sepetiba, passando por santa cruz,
bate bola de bixiga de boi
bate bola de sebo de bixiga de boi
é nos terreiros do samba
que a molecada cresce e ama sua escola
e faz as mãos e os pés sangrar
quando os anos passam
quando ele se emociona
de ver sua escola ganhar
O menino cresceu entre a ronda e a cana
Correndo nos becos que nem ratazana.
Entre a punga e o afano, entre a carta e a ficha
Subindo em pedreira que nem lagartixa.
Borel, juramento, urubu, catacumba,
Nas rodas de samba, no eró da macumba.
Matriz, querosene, salgueiro, turano,
Mangueira, são carlos, menino mandando,
Ídolo de poeira, marafo e farelo,
Um Deus de bermuda e pé-de-chinelo,
Imperador dos morros, reizinho nagô,
O corpo fechado por babalaôs.
Baixou oxolufã com as espadas de prata,
Com sua coroa de escuro e de vício.
Baixou cão-xangô com o machado de asa,
Com seu fogo brabo nas mãos de corisco.
Ogunhê se plantou pelas encruzilhadas
Com todos seus ferros, com lança e enxada.
E oxossi com seu arco e flecha e seus galos
E suas abelhas na beira da mata.
E oxum trouxe pedra e água da cachoeira
Em seu coração de espinhos dourados.
Iemanjá, o alumínio, as sereias do mar
E um batalhão de mil afogados.
Iansã trouxe as almas e os vendavais,
Adagas e ventos, trovões e punhais.
Oxum-maré largou suas cobras no chão.
Soltou sua trança, quebrou o arco-íris.
Omulu trouxe o chumbo e o chocalho de guizos
Lançando a doença pra seus inimigos.
E nana-buruquê trouxe a chuva e a vassoura
Pra terra dos corpos, pro sangue dos mortos.
Exus na capa da noite soltara a gargalhada
E avisaram a cilada pros orixás.
Exus, orixás, menino, lutaram como puderam
Mas era muita matraca e pouco berro.
E lá no horto maldito, no chão do pendura-saia,
Zumbi menino lumumba tomba da raia
Mandando bala pra baixo contra as falanges do mal,
Arcanjos velhos, coveiros do carnaval.
- irmãos, irmãs, irmãozinhos,
Por que me abandonaram?
Por que nos abandonamos
Em cada cruz?
- irmãos, irmãs, irmãozinhos,
Nem tudo está consumado.
A minha morte é só uma:
Ganga, lumumba, lorca, Jesus
Grampearam o menino do corpo fechado
E barbarizaram com mais de cem tiros.
Treze anos de vida sem misericórdia
E a misericórdia no último tiro.
Morreu como um cachorro e gritou feito um porco
Depois de pular igual a macaco.
Vou jogar nesses três que nem ele morreu:
Num jogo cercado pelos sete lados.
Em cima dos telhados as antenas de TV tocam música urbana,
Nas ruas os mendigos com esparadrapos podres
cantam música urbana,
Motocicletas querendo atenção às três da manhã -
É só música urbana.
Os PMs armados e as tropas de choque vomitam música urbana
E nas escolas as crianças aprendem a repertir a música urbana.
Nos bares os viciados sempre tentam conseguir a música urbana.
O vento forte, seco e sujo em cantos de concreto
Parece música urbana.
E a matilha de crianças sujas no meio da rua -
Música urbana.
E nos pontos de ônibus estão todos ali: música urbana.
Os uniformes
Os cartazes
Os cinemas
E os lares
Nas favelas
Coberturas
Quase todos os lugares.
E mais uma criança nasceu.
Não há mais mentiras nem verdades aqui
Só há música urbana.
Yeah, Música urbana.
Oh Ohoo, Música urbana.
Deus salve a América do Sul
Desperta, ó claro e amado sol
Deixa correr qualquer rio
Que alegre esse sertão
Essa terra morena, esse calor
Esse campo, essa força tropical
Desperta América do Sul,
Deus salve essa América Central
Deixa viver esses campos molhados de suor
Esse orgulho latino em cada olhar,
Vira Virou Kleiton e Kledir Composição: Kleiton Ramil
Vou voltar na primavera E era tudo que eu queria Levo terra nova daqui Quero ver o passaredo Pelos portos de Lisboa Voa, voa que eu chego já Ai se alguém segura o leme Dessa nave incandescente Que incendeia minha vida Que era viajante lenta Tão faminta da alegria Hoje é porto de partida Ah! Vira virou Meu coração navegador Ah! Gira girou Essa galera
Chove na tarde fria de Porto Alegre Trago sozinho o verde do chimarrão Olho o cotidiano, sei que vou embora Nunca mais, nunca mais Chega em ondas a música da cidade Também eu me transformo numa canção Ares de milonga vão e me carregam Por aí, por aí Ramilonga, Ramilonga Sobrevôo os telhados da Bela Vista Na Chácara das Pedras vou me perder Noites no Rio Branco, tardes no Bom Fim Nunca mais, nunca mais O trânsito em transe intenso antecipa a noite Riscando estrelas no bronze do temporal Ares de milonga vão e me carregam Por aí, por aí Ramilonga, Ramilonga O tango dos guarda-chuvas na Praça XV Confere elegância ao passo da multidão Triste lambe-lambe, aquém e além do tempo Nunca mais, nunca mais Do alto da torre a água do rio é limpa Guaíba deserto, barcos que não estão Ares de milonga vão e me carregam Por aí, por aí Ramilonga, Ramilonga Ruas molhadas, ruas da flor lilás Ruas de um anarquista noturno Ruas do Armando, ruas do Quintana Nunca mais, nunca mais Do Alto da Bronze eu vou pra Cidade Baixa Depois as estradas, praias e morros Ares de milonga vão e me carregam Por aí, por aí Ramilonga, Ramilonga Vaga visão viajo e antevejo a inveja De quem descobrir a forma com que me fui Ares de milonga sobre Porto Alegre Nada mais, nada mais
Deixando o Pago Vitor Ramil Composição: Vitor Ramil (poema de João da Cunha Vargas)
Alcei a perna no pingo E saí sem rumo certo Olhei o pampa deserto E o céu fincado no chão Troquei as rédeas de mão Mudei o pala de braço E vi a lua no espaço Clareando todo o rincão E a trotezito no mais Fui aumentando a distância Deixar o rancho da infância Coberto pela neblina Nunca pensei que minha sina Fosse andar longe do pago E trago na boca o amargo Dum doce beijo de china Sempre gostei da morena É a minha cor predileta Da carreira em cancha reta Dum truco numa carona Dum churrasco de mamona Na sombra do arvoredo Onde se oculta o segredo Num teclado de cordeona Cruzo a última cancela Do campo pro corredor E sinto um perfume de flor Que brotou na primavera. À noite, linda que era, Banhada pelo luar Tive ganas de chorar Ao ver meu rancho tapera Como é linda a liberdade Sobre o lombo do cavalo E ouvir o canto do galo Anunciando a madrugada Dormir na beira da estrada Num sono largo e sereno E ver que o mundo é pequeno E que a vida não vale nada O pingo tranqueava largo Na direção de um bolicho Onde se ouvia o cochicho De uma cordeona acordada Era linda a madrugada A estrela d’alva saía No rastro das três marias Na volta grande da estrada Era um baile, um casamento Quem sabe algum batizado Eu não era convidado Mas tava ali de cruzada Bolicho em beira de estrada Sempre tem um índio vago Cachaça pra tomar um trago Carpeta pra uma carteada Falam muito no destino Até nem sei se acredito Eu fui criado solito Mas sempre bem prevenido Índio do queixo torcido Que se amansou na experiência Eu vou voltar pra querência Lugar onde fui parido
Bom galera vejam se estou no caminho. Procurei por musicas que conheço mas que de certa forma me remetem a ideia de cidade ou aldeia. Qualquer coisa excluimos.
Ode Aos Ratos Chico Buarque Composição: Edu Lobo / Chico Buarque
Rato de rua Irrequieta criatura Tribo em frenética proliferação Lúbrico, libidinoso transeunte Boca de estômago Atrás do seu quinhão Vão aos magotes A dar com um pau Levando o terror Do parking ao living Do shopping center ao léu Do cano de esgoto Pro topo do arranha-céu Rato de rua Aborígene do lodo Fuça gelada Couraça de sabão Quase risonho Profanador de tumba Sobrevivente À chacina e à lei do cão Saqueador da metrópole Tenaz roedor De toda esperança Estuporador da ilusão Ó meu semelhante Filho de Deus, meu irmão Rato Rato que rói a roupa Que rói a rapa do rei do morro Que rói a roda do carro Que rói o carro, que rói o ferro Que rói o barro, rói o morro Rato que rói o rato Ra-rato, ra-rato Roto que ri do roto Que rói o farrapo Do esfarra-rapado Que mete a ripa, arranca rabo Rato ruim Rato que rói a rosa Rói o riso da moça E ruma rua arriba Em sua rota de rato
Força Estranha Roberto Carlos Composição: Caetano Veloso
Eu vi um menino correndo Eu vi o tempo Brincando ao redor Do caminho daquele menino... Eu pus os meus pés no riacho E acho que nunca os tirei O sol ainda brilha na estrada E eu nunca passei... Eu vi a mulher preparando Outra pessoa O tempo parou prá eu olhar Para aquela barriga A vida é amiga da arte É a parte que o sol me ensinou O sol que atravessa essa estrada Que nunca passou... Por isso uma força Me leva a cantar Por isso essa força Estranha no ar Por isso é que eu canto Não posso parar Por isso essa voz tamanha... Eu vi muitos cabelos brancos Na fonte do artista O tempo não pára e no entanto Ele nunca envelhece... Aquele que conhece o jogo Do fogo das coisas que são É o sol, é o tempo, é a estrada É o pé e é o chão... Eu vi muitos homens brigando Ouvi seus gritos Estive no fundo de cada Vontade encoberta E a coisa mais certa De todas as coisas Não vale um caminho sob o sol E o sol sobre a estrada É o sol sobre a estrada É o sol... Por isso uma força Me leva a cantar Por isso essa força Estranha no ar Por isso é que eu canto Não posso parar Por isso essa voz, essa voz Tamanha...
Há muito tempo que falo Da natureza e de amor Das coisas mais simples Dos homens, de Deus Canto sempre a esperança Acredito no azul que envolve o planeta toda manhã Depende de mim, depende de nós Escuto um silêncio, ouço uma voz Que vem de dentro E enche de luz Toda nossa tribo... Somos todos índios Tenho pensado na vida E no prazer de viver Nas coisas bonitas Entre eu e você Meu canto sempre é de luta Por um mundo de paz Cuidar das florestas e dos animais
Que País é Este Legião Urbana Composição: Renato Russo
Nas favelas, no senado Sujeira pra todo lado Ninguém respeita a constituição Mas todos acreditam no futuro da nação Que país é esse? Que país é esse? Que país é esse? No Amazonas, no Araguaia iá, iá, Na Baixada Fluminense Mato Grosso, nas Gerais e no Nordeste tudo em paz Na morte eu descanso, mas o Sangue anda solto Manchando os papéis, documentos fiéis Ao descanso do patrão Que país é esse? Que país é esse? Que país é esse? Que país é esse? Terceiro mundo, se for Piada no exterior Mas o Brasil vai ficar rico Vamos faturar um milhão Quando vendermos todas as almas Dos nossos índios num leilão Que país é esse? Que país é esse? Que país é esse?
Caxangá Elis Regina Composição: Milton Nascimento e Fernando Brant
Sempre no coração Haja o que houver A fome de um dia poder moder a carne dessa mulher Veja bem meu patrão como pode ser bom Você trabalharia no sol e eu tomando banho de mar Luto para viver Vivo para morrer Enquanto minha morte não vem Eu vivo de brigar contra o rei Em volta do fogo todo mundo abrindo o jogo Com tudo que tem pra contar Casos e desejos coisas dessa vida e da outra Mas nada de assustar Quem não é sincero sai da brincadeira correndo pois pode se queimar Queimar Saio do trabalho e Volto para casa e Não lembro de canseira maior Em tudo é o mesmo suor
Bala com Bala João Bosco Composição: João Bosco / Aldir Blanc
A sala cala e o jornal prepara quem está na sala Com pipoca e com bala ¾ e o urubu sai voando O tempo corre e o suor escorre, vem alguém de porre Há um corre-corre, e o mocinho chegando, dando. Eu esqueço sempre nesta hora (linda, loura) Minha velha fuga em todo impasse; Eu esqueço sempre nesta hora (linda loura) Quanto me custa dar a outra face. O tapa estala no balacobaco e é fala com fala E é bala com bala e o galã se espalhando, dando. No rala-rala quando acaba a bala é faca com faca É rapa com rapa e eu me realizando, bambo. Quando a luz acende é uma tristeza (trapo, presa), Minha coragem muda em cansaço. Toda fita em série que se preza (dizem, reza) Acaba sempre no melhor pedaço.
Casas entre bananeiras Mulheres entre laranjeiras Pomar, amor, cantar. Um homem vai devagar Um cachorro vai devagar Um burro vai devagar Devagar ... as janelas olham. Eta vida besta, meu Deus.
Voz 1 Uma tribo É isso que eu sou Esse "eu" estranho Que nunca a civilização controlou
Eu vou limpar minha alma Para me renovar Para cair E para me torturar Com uma dor de dentes insuportável Com gengivas inflamadas E uma terrível câimbra nos maxilares Que me absorve totalmente E me faz romper com tudo Até o ponto de não Tocar mais a vida Até o ponto em que o desaparecimento se revela Eu vou limpar a minha alma E não vou parar Antes de encontrar a paz Antes de parar de me perder nos meus pensamentos Antes de me libertar da dor de ser livre
Essa dor ardente Sentir os pensamentos que se deslocam Estar sempre a caminho E jamais parar Em mim Eu não vou parar de Limpar minha alma Camada após camada Até que reste apenas A calcificação esférica De um único pensamento
Eu sou um espírito queixoso Que não sabe como agir E que toma sempre o caminho incerto Da mortificação delirante que é sua vida que gravita apenas nos despenhadeiros escarpados Para examinar o eestrangulamento do seu ser Pssss, pssst, pssst, pssst, pssst Pssss Eu sei Eu perdi a minha língua Mas isso não dá a vocês o direito de continuar Eu desconfio Dessas merdas permptórias Que etiquetam As criações e o pensamento Pssss, pssst, pssst, pssst, pssst Pssss Eu desconfio dos cantores de ópera Esses funcionários gordos e bem pagos que escarram sons em sua alma com a precisão de flechas castradas Pssss, pssst, pssst, pssst, pssst Pssss Eu desconfio dos compositores Essas putas de opretas que vomitam notas E copiam uns dos outros as Melodias afetadas A golpes de mouse no computador Pssss, pssst, pssst, pssst, pssst Pssss eu desconfio dos atores Esses travestis maquiados demais Que só sabem falar quando Alguém lhes escreve um texto e pareecem papagaios mecânicos Pssss, pssst, pssst, pssst, pssst Pssss Eu desconfio dos escritores Esses escrevinhadores plagiários Que deixam seu espírito traicado girar Ao sabor dos ventos, como cata-ventos Pssss, pssst, pssst, pssst, pssst Pssss Lá onde outros propõem criações Eu só quero mostrar Meu espírito implicante Eu não quero mais lamentar isso Pois eu perdi a minha língua Pssss, pssst, pssst, pssst, pssst Pssss
O que estou fazendo? Talvez eu tenha apenas uma tarefa! Eu mordo a mão de Deus Eu não solto os dentes Continuo a morder até ser lavado Pelos jatos de sangue de Deus eu não devo me purificar Porque ele me cega Estou destinado a ser um vidente Que não vê Eu erro Eu flutuo
Voz 2 Há muito tempo não vejo mais a terra Mas meus pés estão cheios de bolhas
Voz 1 Eu não parar Camada após camada Eu vou limpar minha alma até que resta apenas a calcificação esférica de um único pensamento
Eu sou o velho cão selvagem Que vê as cores do arco-íris E que geme e chora sob a lua e Sob o sol Pssss, pssst, pssst, pssst, pssst Pssss Um esqueleto destroçado Envolvido por músculos finos e ardentes Raquíticos e crispados Como se fosse feito de vidro E frágil (...)
A LINGUAGEM SECRETA DO CINEMA Jean-Claude Carrière
C3121 Carrière,Jean-Claude,1931- A linguagem secreta docinema / Jean- Claude Carrière ; tradução Fernando Albagli, Benjamin Albagli. – Rio de Janeiro : Nova Fronteira, 1995.
ISBBN 85-209-0651-6 Tradução de: The secret language of film
Naquelas mesmas terras africanas, nos primórdios do cinema, quando os expectadores menos intransigentes abriam realmente os olhos para o novo espetáculo, mal podiam compreendê-lo.Mesmo quando reconheciam algumas das imagens de outro lugar – um carro, um homem, uma mulher, um cavalo-, não chegavam a associá-las entre si. A ação e a história os deixavam confusos. Com uma cultura baseada em rica e vigorosa tradição oral, não conseguiam se adaptar àquela sucessão de imagens silenciosas, o oposto absoluto daquilo a que estavam acostumados. Ficavam atordoados. Ao lado da tela, durante todo o filme, tinha que permanecer um homem, para explicar o que acontecia.Luis Buñuel ainda conheceu esse costume (que subsistia na áfrica na década de 50) em sua infância na Espanha, em torno de 1908 ou 1910. De pé, com um longo bastão, o homem apontava os personagens na tela e explicava o que eles estavam fazendo. Era chamado explicador. Desapareceu – pelo menos na Espanha – por volta de 1920. Imagino que surgiam tipos como esse mais ou menos em toda parte. Porque o cinema criou uma nova – absolutamente nova –linguagem, que poucos espectadores podiam absorver sem esforço ou ajuda. Bem no princípio, não era esse o caso (pelo menos é o que imaginamos). Nos primeiros dez anos, ainda era, apenas uma seqüência de tomadas estáticas, fruto direto da visão teatral. Os acontecimentos vinham, necessariamente, um após o outro, em seqüência ininterrupta, dentro daquele enquadramento imóvel, e podia-se acompanhar a ação bem facilmente. A primeira reação da platéia era de outro tipo: as pessoas tinham curiosidade de saber de que era feita aquela imagem em movimento; vendo nela uma espécie de nova realidade, buscavam a ilusão, o truque. Mas, depois da primeira surpresa, quando ficava claro que o trem dos irmãos Lumière não os ia esmagar, os espectadores rapidamente compreendiam a seqüência de acontecimentos, ordenados rolo a rolo, fictícios ou imaginários, que se expunham diante de uma câmera imóvel. Afinal, não era diferente do que acontecia no teatro, onde o palco era estático e claramente demarcado. Naquele quadro, personagens surgiam, encontravam-se e trocavam gestos ou, mais exatamente, sinais. Quando deixavam o campo de visão da câmera, era como se saíssem para os bastidores. E, como não tinham voz e (quase sempre) cor, eminentes cabeças concluíram que tudo aquilo era decididamente inferior ao teatro de verdade. Não surgiu uma linguagem autenticamente nova até que os cineastas começassem a cortar o filme em cenas, até o nascimento da montagem, da edição. Foi aí, na relação invisível de uma cena com a outra, que o cinema realmente gerou uma nova linguagem. No ardor de sua implementação, essa técnica aparentemente simples criou um vocabulário e uma gramática de incrível variedade. Nenhuma outra mídia ostenta um processo como esse.
sábado, 24 de outubro de 2009
Ai, depois que eu entrei nesse processo me sinto muito mais Nina Hagen. Ainda estão faltando as chupetas, mas a gente chega lá.
Eu preciso encontrar Um lugar legal pra mim Dançar e me escabelar Tem que ter um som legal Tem que ter gente legal E ter cerveja barata
Um lugar onde as pessoas Sejam mesmo afudê Um lugar onde as pessoas Sejam loucas e super chapadas Um lugar do caralho
Sozinho pelas ruas de São Paulo Eu quero achar alguém pra mim Um alguém tipo assim Que goste de beber e falar LSD queira tomar E curta Syd Barrett e os Beatles
Um lugar e um alguém Que tornarão-me mais feliz Um lugar onde as pessoas Sejam loucas e super chapadas Um lugar do caralho Lugar do caralho
Sozinho pelas ruas de São Paulo Eu quero achar alguém pra mim Um alguém tipo assim Que goste de beber e falar LSD queira tomar E curta Syd Barrett e os Beatles
Um lugar e um alguém Que tornarão-me mais feliz Um lugar onde as pessoas Sejam loucas e super chapadas Um lugar do caralho Lugar do caralho
"Eu sou que nem gato, me enxotam no quintal eu volto pelo telhado. Esse é o truque. Eles não perceberam. Não é o povo! Não e Não! É preciso não trocar. Não confundir o povo. Povo! Não confundir... Nem com público, nem com massa...é importante. A massa é a massa. O público se enfeita todo e vai para as salas de concerto, com cara de quem está entendendo tudo. É preciso notar a diferença. A massa é horizontal, o público é vertical + o povo, pelo menos o povo brasileiro é DIAGONAL. É por isso que eu gosto do povo, e é por isso que a minha música é popular. Popular porque eu cuido muito mais do aspecto DIAGONAL do que horizontal ou vertical."
Aqui vão umas reflexões da primeira face do processo:
Encontros e desencontros num processo que nos confunde e nos surpreende ao mesmo tempo. Somos um Frankenstein, ainda sem forma, feito de retalhos ... textos, sons, palavras, melodias, corpos, ritmos, amores, pessoas, conceitos, idéias, imagens, medos, erros. Todo isso dialogando com nosso momentum (pessoal, histórico e político), além de nossa equipagem de herança cultural, conceitual popular e erudita.
Desconstruímo-nos de nossas certezas para jogar-nos na edificação de uma criação coletiva, uma OPERISSIMA EXPERIMENTOSA. Claramente desorientados, achamos uma identidade de fazer que não nos foi revelada, a construímos dia a dia.
Enquanto ao corpo... que é minha praia... aqui vão conceitos acolhidos na peça, que explicam seu comportamento coreográfico geral.
CORPO OBJETO. O corpo nosso de cada dia é proposto como objeto de um jogo público, forte colisão entre o público e o privado, entre nos e os outros. Desapegamo-nos de sua significância intima e doamos-lho para uma construção maior coletiva, mediada pela confiança e uma contenção, compreensiva e absoluta dos colegas; que nos permite jogar-lho, percutir-lho, manipular-lho, vozipulhar-lho (manipulação com a voz) com risco ao ponto de ser objeto mesmo.
CORPO COLETIVO. É escolhido pela sua condição de vazio de identidades particulares, alienado, é explorado na sua qualidade de grão de areia. O fato coletivo transcende esteticamente o fato individual. Mas, o coletivo não está construído desde uma codificação estrita na forma, como acontece com as técnicas codificadas (Exemplo: Balé) se não desde o fluxo de energia que o contem, que o movimenta, que o faz existir.
CORPO PRESENTE. Só falante ou cantante, o corpo presente se apresenta num estado extra cotidiano. Com uma presencia cênica dilatada, o corpo presente pode até apresentar ou representar sua própria ausência. Não faz quase nada, mas é imenso.
CORPO COTIDIANO. Em contraponto aos conceitos abstratos colocados, o corpo popular e cotidiano é imprescindível como mediação com o público e sua bagagem de significados. Na procura de uma fácil empatia e identificação, o corpo cotidiano nos resulta o mais acessível dos signos desde o ponto de vista da mediação.
CORPO SIMBIÓTICO. É o corpo vulnerável que se move com extremo cuidado, sensível, com uma capacidade de escuta dilatada, dialoga com as circunstancias externas como um bebe. Não ha mediação, o diálogo e a respostas são quase instantâneas. Relaciona-se com outro corpo, mesmo deferente a ele, de um jeito nutritivo para ambos. Os corpos simbióticos agem ativamente em conjunto, mesmo quase imperceptivelmente. Na inter-relação simbiótca os corpos/organismos envolvidos instalam uma forma íntima de comprtamento que se torna obrigatória.
CORPO NU. É o corpo privado exposto como tal, violentado em sua condição de privado. Mostrar o corpo nu é uma ação política de insubordinação.
CORPO MEDIADO Mediante a tecnologia de uma câmera ou webcam se possibilita outro olhar. Privilegiando o espectador ao poder mirar desde esse olhar tecnológico, através de projeção de circuito fechado.
CORPO SOM. Corpo emissor dum “corpo de som” com capacidade de manipular outro corpo desde o corpo mesmo de sua voz. Variação do conceito de manipulação, para vozipulação. Considerando a manipulação, não com as mãos e sim com a voz.
Desculpas pelos possíveis erros ortográficos e gramaticais.
"Arte Conceitual" é um termo usado pela primeira vez pelo artista americanoSol LeWittpara definir seu próprio trabalho. Artista visual, LeWitt foi influenciado pelos readymades deMarcel Duchampe um reconhecido criador de instalações; sua proposta poética era a de conseguir resultados que pudessem ser alcançados através de uma proposição esquemática, usando objetos comuns e de fácil alcance – vamos pensar, algo assim como “oito cadeiras de madeira dispostas em círculo; um guarda-chuva preto de ponta-cabeça pendendo do teto a 3,5m do chão, no centro desse círculo; tinta amarela espalhada com action-painting por todo o chão” (esta instalação eu acabei de inventar=P). O caráter desse tipo de arte seria o do abandono dos critérios estéticos como recursos centrais de expressão – esses que são aceitos socialmente e pertencentes a um padrão cultural estabelecido – que seria substituído então a obediência estrutural a uma idéia, ou conceito, que seria ao mesmo tempo a fonte e o fim da obra de arte.
A arte conceitual nunca foi um movimento, embora tenha estado mais ou menos na moda, antes ou agora, neste ou naquele lugar. Por isso, os conceituais foram autores das mais diversas áreas de expressão, e a partir da década de 1960 acabaram por ajudar a estabelecer um novo tratamento para as disciplinas artísticas (como todo mundo sabe, hoje já não temos mais “pintura, escultura e desenho”, mas artes visuais; “teatro, música e dança” mas artes performáticas; etc. Os conceituais são padrinhos de algumas dessas mudanças teóricas).
Como toda forma moderna de expressão artística, a arte conceitual é um poço de novas possibilidades. Entre outras características, a arte conceitual é pret-a-porter: uma vez que trabalha com elementos intelectuais e não materiais, torna virtualmente impossível que a ação artística tome o caráter de fetichização que é comum à arte clássica – a obra de um artista visual contemporâneo, sobretudo depois do advento da internet, possui sua força exatamente na sua capacidade de reprodução, e não na sua natureza única e preciosa. Contudo, uma vez que o mercado para futilidades é imenso e voraz – e uma vez que a economia mundial é baseada em relações de troca que devem contradizer relações de produção – sempre surgem figuras capazes de estragar as melhores invenções...
Foi o caso do como sempre pateta e imprestávelDamien Hirst,dândi maior das múmias bilionárias dos MoMAs, Christie´s e Guggenheims: em julho sua exposição na TATE Gallery de Londres foi visitada porCartrain, um artista urbano inglês da nova geração (na linha de Banksy, Basquiat). Cartrain parece ter resolvido criticar uma das instalações de Hirst, “Pharmacy”, avaliada atualmente em 10 milhões de libras (!).
Pharmacy é uma instalação tipicamente conceitual: trata-se de um amontoado de objetos comuns ordenados de uma maneira razoavelmente comum: são prateleiras com caixas de medicamentos, uma escrivaninha, quatro jarros, quatro vasos e um matador elétrico de moscas. Apesar de negar as acusações, parece que Cartrain teria se apossado de um dos elementos da instalação – um estojo de lápis, que ficava sobre a escrivaninha. Esse item, que deve custar em qualquer papelaria algo em torno de uns três reais, fazia parte de uma obra de arte milionária, e Hirst o está processando Cartrain no valor de 500 mil libras – algo em torno de um milhão e meio de reais.
O jovem pixador não tem, é claro, dinheiro pra pagar pelo caríssimo e artístico elemento (seus agentes vendem cópias em número limitado, dez de cada, de obras suas a sessenta e cinco libras cada cópia) e seu pai acabou sendo preso (Cartrain é menor de idade). Esta não é a primeira vez que Hirst o processa: sobre um trabalho de 2008, que utiliza uma fotografia de sua obra “Pelo Amor de Deus”, avaliada em 50 milhões de libras, o milionário está exigindo participação nos lucros obtidos com a venda da reproduções baratas do iconoclastinha.
Com o estojo de lápis furtado, Cartrain teria criado a colagem "Extorsão". Diferente de Hirst, Cartrain não se considera um artista conceitual (ele se define apenas como “guerrilheiro”). Mas, enfim, vale a pena perguntar: nos conceitos de Picasso e LeWitt, quem será o "grande artista"? Davi ou Golias?
Organ²/ASLSP(As SLow aS Possible) é uma obra musical composta porJohn Cageque é fonte da mais lenta e duradoura performance musical já realizada. Foi escrita originalmente em 1987 para órgão e adaptada da obra anteriorASLSP de1985; uma performance normal num piano duraria entre 20 e 70 minutos[1]. Em 1985 Cage optou por omitir o detalhe de "exatamente quão devagar a obra deveria ser tocada".
The current organ performance of the piece at St. Burchardi church inHalberstadt, na Alemanha; começou em 2001 e está programada para durar 639 anos, acabando em 2640.
Olá, meus caros. O projeto "Ave Maria Não Morro" conta agora também com mais dois espaços virtuais. O e-mail para o grupo, que a Sara criou, no gmail:ave.naomorro@gmail.com
Endereço de e-mail do grupo: avenaomorro@googlegroups.com
Consultem o espaço: Páginas, arquivos. Coloquei muitas fotos sugeridas por alguns contos. Divirtam-se, comentem, colaborem. Vamos botar fogo neste pouco tempo que nos resta!